Duas figuras passeiam perto das docas de Faro. As suas gabardinas, chapéus e óculos escuros demonstram que querem passar desapercebidas. No fundo, o sol mergulha nas águas da ria Formosa. A figura da direita, uma enorme cascuda, ajeita-se mal a andar de gabardina e sobre duas patas, mas leva os óculos com alto estilo. É ela a primeira a falar.
- Assim que saes da casa. Lástima. Foram umas semanas vibrantes. Lembras os primeiros dias?
- Si: montar toda a tralha, encontrar formigas, acabar com elas e despois descobrir-te a ti.
-Pois, as formigas nom se podem comparar… elas nom som uma raça superior – a figura da direita contrai uma das suas patas com ar dramático.
- Quando te pós desse modo dás medo… Isso, as primeiras batalhas. O ataque com químicos, a chamada do desbaratizador.
- Isso foi uma boa jogada. Pensei que demorarias mais em chama-lo. Mas nom duvidas-te e… aí, com ataques profissionais á primeira ocasióm… E depois toda essa teima da limpeza… puses-te as cousas difíceis, a verdade. Nom sei que dizer. Acho que nom deverias ir embora. A cousa nom acaba mais que começar, e por agora levas as de ganhar. E chega o inverno, que joga ao teu favor…
-Nom te enganes, isto nom é por ti. Claro que ajudas, nom te quero subestimar. Es uma criatura realmente nojenta…
-Oh, obrigado. Mas nom me tens por que adular, já há confiança…
- Som os donos da casa, essa mistura entre forretas horríveis e seres vindos de outra galáxia. E essa bicefália tam difícil de aturar… e os pequenos detalhes… nom tinha a mais mínima confiança neles. E, quando houver um problema grande (e nom quero dizer que tu nom o sejas) nom iam responder. É melhor deixar a casa agora e, pelo menos, salvar a fiança.
-Tê-la de volta?
-Nem de conha, mas foi a que usei para pagar o último mês. Eles nom pensavam devolve-la… Menudos bichos.
-Eh, sem faltar.
-Desculpa. Pois isso, agora a procurar casa ou quarto por aí. Outra vez.
(silencio)
-Sabes? A nossa loita particular ia ficar moi interesante. Ia deixar que te confiasses para te atacar com força.
-He!. Eu ia gastar parte do dinheiro de Novembro para encher a casas de trampas e tapar todas as ventilaçons com tecido especial. E fumigar 1 vez a semana.
-Mas eu ia estar aí em Setembro. Sempre. Tomando conta da casa. Aguardando depois das tuas ferias…
-E eu ia contratar um fumigador ao ano.
- Isso é o que digo. Que a cousa estava interessante. Pode que me acabasses matando, se calhar acabava eu contigo… eras um rival á altura. Algo mais que isso. Se calhar um oposto. Uma némese, um …
-Já chega de identificaçons, Gregor.
-Nom suporto quando a gente entra em pânico e recusa batalhar, ou quando simplesmente passam do tema e se acostumam…
-Podes crer que nom ias ganhar…
-Nom chegara ás tácticas psicológicas: Ia meter um dos meus melhores e maiores homens na tua almofada.
-Que duro. Eu pensava martirizar-te com músicas mexicanas sobre a tua espécie.
-A versom da marijuana?
-Nom, na que estás tulhida das traseiras.
-Ouch! Sabes o que? Vou-te botar em falha. Porquê nom me das o teu novo endereço, quando o tenhas, e vou-te fazer uma visita?
-´tá calada.
- Porque nom? Sabes? Isto pode ser o começo duma…
- Nem de conha.
As figuras perdem-se pelas ruas da baixa, a passo lento.
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1 comentário:
jajaja! mas acredita que isto non vai quedar así, pode que ganhases uma batalha, pero nom a guerra..gregor ha de atoparte..
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