quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Ópera de Fink Braün (e II): O Espectáculo.

“Quen dixo que para medrar había
que comer raíces?”



“O Arame” (do texto “Camiñar polo arame cunha lata de cervexa”, nom digades que o segundo nom é muito melhor, maldita auto-censura) sorprendeu-me, provábelmente pola minha pouca experiência neste género. Se qualquer ignorante coma mim esperava algo grande (nom era a ópera a “obra de arte total”?) e obscenamente caro, o oferecido destacou polo simples e limpo. Nada de grandes elencos: dous cantores e dous bailarinos (sempre el e ela, representaçons das personagens no passado e no presente); um decorado fixo apresentando uma espécie de duna, o que dotava a cena de dous alturas e uma inclinação ideal para o trabalho dos bailarinos (pánico ao levantar-se o pano e pensar que estava numa do antigo C.D.G.!!!), e uma projecçom de uma praia num cantinho do fundo, o mesmo mar que os protagonistas nom encontram; uma iluminaçom cálida sem grandes artificios e um vestiario moderno e simples. Da orquestra, dirá a imprensa que era de 16 músicos e eu nom tenho raçom para duvidar. Disse o criador da música, Juan Durán, que fez algo “com uma tonalidade moi vaga, em certo modo ambígua” mas “sem ser rabiosamente contemporáneo, a minha intençom nom é assustar ao público”. A mim, que som moi pailám, algumas partes tinham-me arrecendos de pasodoble. Como nom tenho a mais mínima autoridade na matéria nem estou legitimado, direi sem remorsos que me pareceu fraquinha, como um acompanhamento que realmente nom acompanha muito. Mas repito, nem ideia.


Em cena, inícia-se o espectáculo com dança. Os dois bailarinos (Catarina Varela e Aléxis Fernández, que fiquem aí os seus nomes porque tenhem um pelaso lindo-lindo e oferecerom um trabalhóm) forom do melhorcinho da peça, realizando um trabalho mais que notábel. Como única mençom negativa, dizer que poderiam ter trabalhado um bocado mais a fonética, já que há uma parte da peça na que falam e a cousa chia um bocado (coido que el é cubano), mas isto nom é nada que seja alheio da cena galega e mesmo aos actores do país.

Os cantores? Sem ter a mais mínima ideia (again) nem podendo sequer argumentar a minha opinióm, melhor el que ela, apesar que foi Carmen Durán a que arrincou mais palmas por parte do patio, que para algo jogaba na casa. Um dos momentos álgidos do espectáculo (mais ou menos na metade da peça) chegou com um intenso canto a duo que acabou com os aplausos do público, que durarom um bom pedaço. A actuaçom também desigual; ele tinha um rol um bocado mais simples num papel de galam de teatro sempre muito esperançado. A que sofria mais mudanças dramáticas era ela, nem sempre bem levadas.


E a noiva? Adapta-se ao género? Pois, como só poderia surprender a algúns poucos, igual que qualquer língua. Se quando é em italiano (nom digamos alemám) precisamos o libreto para seguir perfeitamente os cantos, o mesmo acontece com a própia. O texto, por outra parte, ficou longe de qualquer ideia de ópera pre-estabelecida (nada épico nem clássico, sem deuses, mortos, reis, coros...). Dous actores ambulantes, Gloria e Labarta, enfrontam-se ao futuro (ou a ausência del), aos seus sonhos e esperanças. Tanto o tema como o modo de o tratar nom som novos na escrita de Lourenzo, de quem nom se pode duvidar da autoria. Com certeza o autor desfrutou como um pícaro incluíndo citaçons sobre “As cagadas das gaivotas” e pensando na ilustre concorrência do teatro. Mágoa que essa parte nom estivesse interpretada como o resto, e sim como um sospiro cómico. Terám pensado o mesmo os Amigos de la Ópera?


De resto, cada entrada dos bailaríns dava mais conteúdo físico e beleça ao espectáculo (moi bom trabalho do coreografista) e a parte final na que os quatro interactuam em cena foi outro dos momentos fortes. Despois a peça acabou e chegou o momento da homenagem das palmas. Para sermos sinceros, deram um bom banho de louvanças, ao final algo forçadas. Mas supono que a ocasióm merece. Nom faltou quem subise ao palco a saudar e o único que se encontrava ausente (Manuel Lourenzo) viu-se substituido polo seu libro, nas maos de Durán (o músico, nom a cantora).


Suponhemos que, afinal, todos contentos: os da noiva por poder ve-la no palco. Os do noivo, por ter um teatro cheio e ficar bem. Depois da espera e da parola cos amigos enfronte do teatro (os do noivo e os da noiva nom acabarom como nalguma boda russa, por fortuna. Será que nom som assím tam diferentes?), uns fomos tomar umas tapas e outros a procurar the next whiskey bar.
Afinal, como sempre, uma pergunta teatreira no ar: Será este Arame uma excepção na cultura da cidade ou terá raçom o Dylan ao dizer que as cousas estám a mudar?


Como nota negativa da jornada, e para finalizar, lamentar a imprudência do concelho por nom ter despregado uma unidade de assistência sanitária por se Milucha, Cuqui ou Merceditas sofressem um paro cardíaco da impressom.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Traslado




Com todo o que deixo atrás... e a minha vida nom entra nas minhas bolsas!!!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A ópera de Fink Braün (I): Fauna e flora.

Completamente desnortados os pessimistas científicos. Nom já porque o mundo nom acabara no dia 10, mas pela avaliação errada do danger. O choque que ia colocar o mundo tal e como o conhecemos em perigo de dessaparecimento nom foi entre protóns, hadróns ou semelhantes.

A colisóm que podia fazer tremer os alicerces do planeta foi de carácter social e produciu-se na Corunha este sábado 13. Os dois nichos (sociais) corunheses que mais gostam do postureo, “la sociedad de amigos de la ópera” e o sector universitário-progre-galeguista-corunhês, viram-se irresponsábelmente convocados a um tempo ante a estreia de “O Arame”, primeira ópera em galego desde há oitenta anos (daquela fora uma mastodóntica versóm de “O Mariscal”).


Para já, censurar a inmprudência do concelho por nom despregar aos antidisturbios ante o hall do Teatro Colon Caixa Galicia (por certo, denominar um teatro com tal anatómico termo sempre se me antolhou como algo muito arriscado do ponto de vista publicitário: que podemos agardar que “bote” esse teatro?). Uma bateria de senhoronas corunhesas das quais nom duvidamos que terminam os nomes próprios em -ita ou -uca e gozam dos seus domingos no Casino ou na Solana sentadas na mesma fila de butacas que Pilar Garcia-Negro (Pilarita ou Piluca, nessa feira).


A audiência, como se esperava, era variada e echia o local: teatreiros, professores, muchachada de tonalidades grisáceas, amigos, familia e amantes (da ópera), as já referidas Emilita, Julita (sem reintegrar o “j”, por favor), Milucha, Méndez Romeu, membros do concelho, alcaldes do concelho, Camilo Franco... Como a minha capacidade de reconhecer “celebritis” é quase nula e isto nom quere ser crónica rosa, a lista fica por cá. Da banda do noivo (a ópera) uns e de parte da noiva (o galego) outros. Se bem que suponho que familiares do noivo nom acabavam de gostar disso de se relacionar com “una chica tan poca cosa”... mas assím som as cousas... E como ela vem subvencionada....


Pois aí estavamos todos dentro do Colon, algúns por primeira vez desde aquelas jornadas gratuítas antes da restauraçóm do teatro (por certo, nem um só rótulo no interior em galego ou nos dous idiomas), agardando que o momentazo histórico desse começo. Devoramos o programa que “Amigos de la Ópera” editara (suponho que por primeira vez em bilingüe) e o libreto com as partes cantadas. Aquí a primeira surpresa: uma folha de texto. Para a conceiçom de ópera que um tinha (coisas como Don Giovannis, Bohemes e demais...), a coisa parecia bem reducida. Uma primeira leitura deixava a autoria clara: era um texto de Manuel Lourenzo (fariam falta umas 5 leituras mais). Entretanto, as celebritis menos celebritis chegam quase no inicio para ressaltarem mais. Descobremos com ledicia larpeira que no programa escreve o meu nunca suficientemente revindicado Paz Gago, autor do imprescindível Manual para enamorar princesas.


Começa o espectáculo (o da ópera, o outro já levava tempo).